No Dia Mundial da Água, Os Verdes assinalaram, em Santo Tirso, junto ao rio Ave, os 40 anos de Luta e Ação Ecologista na Defesa da Despoluição dos Recursos Hídricos.

O Rio Ave tem sido referenciado como “um exemplo de recuperação ambiental”,  uma afirmação que ouvimos com muita frequência, a propósito de projetos pontuais de renaturalização das margens nos municípios abrangidos por esta na sub-bacia hidrográfica.

O que Os Verdes reafirmam é que é necessário garantir um plano concertado de combate à poluição do Rio Ave com o envolvimento de várias entidades – APA/ARH Norte, todos os municípios da bacia hidrográfica do Ave, o SEPNA, as Águas do Norte, S.A. e organizações não-governamentais de âmbito local.

Apesar das constantes denúncias e alertas da população, a despoluição do Rio Ave continua a ser um processo demasiado lento. O Rio Ave continua a sofrer com as consequências das descargas recorrentes, de produtos poluentes e com a disseminação de plantas invasoras.

Recorde-se que nos meses de verão, durante o ano passado, o  leito do rio Ave, na zona de Guidões, concelho da Trofa, estava completamente coberto por um manto verde, devido à proliferação de jacintos-de-água que afetou a totalidade do rio naquela localidade, consequência da má qualidade da água.

O processo de despoluição do rio Ave teve o seu início nos anos 80 e foram já gastos milhões de euros neste processo que parece não ter fim. No entanto, apesar das relativas melhorias no rio Ave este ainda não se encontra despoluído e continua a não ser possível, por exemplo, usufruir das praias fluviais de alguns concelhos banhados pelo rio Ave, que tiveram muita relevância no passado.

É pois fundamental o compromisso conjunto dos municípios e da tutela do Ambiente para evitar a poluição por invasoras, tal como se verificou no ano 2022, com a consequente degradação da qualidade da água que tal problema comporta, sem descurar a imperiosidade do reforço das ações de monitorização e fiscalização – definindo alvos passíveis de serem inspecionados, designadamente ETARs, ligações ilegais e indústrias poluentes.

Para tal objetivo será de extrema importância a melhoria das medidas vertidas no âmbito do PGRH do Cávado, Ave e Leça que concluiu em dezembro de 2022 a 3.ª fase de participação pública do ciclo de planeamento 2022-2027, correspondente à versão provisória dos PGRH.

Os Verdes esperam para ver no que respeita às declarações proferidas pelo secretário de Estado do Ambiente, a 14 de março, sobre a possível recuperação da profissão de guarda-rios, tanto mais que nas suas declarações esclarece que o Governo não se compromete com prazos neste dossier.

Recorde-se que em 2018, o Grupo Parlamentar do PEV na Assembleia da República apresentou o Projeto de Resolução nº 1773/XIII/3ª pela necessidade de recuperar a profissão de guarda-rios, na preservação e fiscalização dos recursos hídricos. Esta continuará a ser um compromisso ecologista essencial para a recuperação ambiental dos nossos rios, indissociável de um investimento e ação conjunta de todas as entidades responsáveis e comprometidas no Plano de Acção para despoluir o rio Ave.