A comitiva bloquista contou com a presença do candidato à Câmara Municipal, António Soares e do candidato à Assembleia Municipal, Miguel Correia.
No passado dia 2 de agosto, uma comitiva do Bloco de Esquerda visitou a zona da pedreira de Lajedo, em Monte Córdova, acompanhado por moradores do Movimento Cívico que têm vindo a denunciar os crimes ambientais associados à reativação da atividade extrativa pela empresa Edilages.
Este tema já foi levado por diversas vezes à Assembleia Municipal, tanto por António Soares como por Miguel Correia, através de intervenções onde foram pedidos esclarecimentos e informações sobre o processo, bem como exigida uma atuação política mais firme e menos reativa por parte do executivo municipal. As respostas recebidas foram sempre vagas e descomprometidas com a causa.
O que encontrámos no local é grave e exige ação imediata. Uma vasta área foi terraplanada, árvores foram arrancadas, linhas de água desviadas e foram construídas estruturas em betão sem qualquer licenciamento. Parte destas intervenções decorre dentro da Reserva Ecológica Nacional. A destruição é evidente e os impactos ambientais e sociais são já uma realidade.
Esta pedreira esteve parada durante vários anos. Agora, a Edilages procura reativá-la de forma encapotada, invocando um alvará que remete a exploração da pedreira para uma área substancialmente mais pequena do que a que atualmente se verifica. O pedido de legalização da ampliação, que já se encontra em curso sem qualquer licença, prevê a realização de um estudo de impacte ambiental. Para escapar a essa obrigação, a Edilages pretende utilizar, como alternativa, um estudo de impacte ambiental elaborado para uma pedreira desativada nas proximidades. Tudo isto está a ser feito sem consulta pública e à margem dos critérios legais em vigor. A CCDR-Norte e a APA confirmaram que a atividade extrativa só poderá avançar se forem cumpridos vários critérios, o que claramente não está a acontecer. Entre esses critérios, destaca-se a obrigatoriedade de manter um afastamento mínimo de 15 metros em relação aos caminhos públicos, o que atualmente não se verifica, assim como a preservação do leito natural das linhas de água, que também tem sido desrespeitada.
Monte Córdova é uma freguesia com cerca de quatro mil habitantes, onde muitas pessoas vivem perto da pedreira. A população lembra bem os impactos da antiga exploração: explosões que causaram fissuras nas casas, ruído constante, poeiras no ar, pressão sobre os recursos hídricos e efeitos negativos na saúde pública. Desta vez, o perigo é ainda maior. Há indícios de que a empresa poderá avançar com operações ligadas a derivados de cimento, o que agravaria ainda mais os riscos ambientais, sociais e sanitários.
Estamos perante uma ameaça industrial de grande escala, com efeitos devastadores num território que deveria estar protegido. A nascente do rio Leça, as quedas de água da Fervença e até a Serra Hidráulica de Pereiras estão em risco, assim como a biodiversidade local, o património natural e cultural e a qualidade de vida da população. A estrada principal da zona, já sobrecarregada com trânsito pesado, tornar-se-á ainda mais perigosa e intransitável.
A Câmara Municipal tem o dever de agir. Deve assumir uma posição clara e ativa contra esta ameaça ambiental e social, em vez de manter um silêncio que só beneficia os interesses privados. É fundamental que o município use todos os instrumentos ao seu dispor para travar a reativação e expansão ilegal desta pedreira, protegendo a população e o território. Recordamos que a autarquia tem um protocolo de preservação do rio Leça, juntamente com outros municípios, e é inaceitável que se mantenha inerte quando a nascente está em risco. Se, no passado, foi capaz de usar a sua influência política em defesa do Hospital, então também pode, e deve, fazer muito mais por Monte Córdova.
O Bloco de Esquerda está ao lado da população e do Movimento Cívico que lançou uma petição pública a exigir o encerramento definitivo da pedreira e a recuperação ecológica da zona. Esta é uma luta pela justiça ambiental, pelo direito a viver num território saudável e pela defesa das pessoas contra os abusos do interesse económico privado.