A Comissão Distrital do PAN – Pessoas-Animais-Natureza do Porto manifestou, hoje, o seu repúdio pela anunciada realização da denominada “Festa Taurina – Roriz 2025”, prevista para os dias 27 e 28 de setembro, no Parque de Lazer de Roriz, no concelho de Santo Tirso. Em reação à divulgação pública do evento, o PAN dirigiu um pedido formal de esclarecimentos à Câmara Municipal.
A iniciativa, organizada pela Comissão de Carnaval de Roriz, visa retomar atividades tauromáquicas num município que há anos não promovia este tipo de práticas. Para o PAN, trata-se de um retrocesso inadmissível nos valores éticos e civilizacionais que devem orientar as políticas públicas locais, em especial as que envolvem espaços municipais.
No pedido de informação enviado à autarquia, o PAN questiona:
- Se foi solicitado e concedido o devido licenciamento para a realização do evento;
- Se a Câmara considera compatível a realização de espetáculos tauromáquicos com os princípios de bem-estar animal e a missão cultural e recreativa dos espaços municipais;
- Quais os fundamentos que justificam a eventual autorização de um evento que normaliza a violência sobre animais, em particular perante crianças e jovens.
Para o PAN, a realização de eventos que envolvam a exploração e sofrimento de animais não pode ter lugar numa sociedade que se quer mais justa e compassiva. O partido lembra que existem inúmeras alternativas culturais, recreativas e desportivas, mais saudáveis e inclusivas, que promovem os laços comunitários sem recurso à violência nem à instrumentalização de seres vivos.
“A realização de espetáculos tauromáquicos num parque de lazer municipal, com potencial exposição de crianças a este tipo de práticas, não só é contrária ao bem-estar animal como fere os valores culturais que devem nortear a convivência democrática”, sublinha Hugo Alexandre Trindade, Porta-Voz da Comissão Distrital do PAN Porto.
O PAN espera agora uma resposta formal da autarquia de Santo Tirso, nos termos do direito de participação e de informação administrativa, e reafirma o seu compromisso em lutar por um país onde a cultura não seja feita à custa do sofrimento de nenhum ser vivo.
Já pelo BE Santo Tirso, o candidato do BE a Câmara Municipal, António Soares, afirma:
Foi-me dado conhecimento da realização de uma festa taurina em Roriz, organizada pela comissão de Carnaval, com o objetivo de angariar fundos para esse evento. Quero ser muito claro: não considero aceitável que o sofrimento animal seja utilizado como forma de financiamento ou entretenimento.
A tortura animal, a tauromaquia e a sua normalização representam práticas ultrapassadas, que não têm lugar numa sociedade que se quer mais justa, solidária e respeitadora da vida. Reafirmo, por isso, o meu compromisso político de rejeitar e não apoiar qualquer atividade que tenha por base a exploração e o sofrimento animal.
Importa, no entanto, distinguir este episódio da comunidade rorizense e das suas tradições. Trata-se de um acontecimento pontual e não de uma marca da identidade cultural de Roriz, que deve ser reconhecida pela sua vitalidade comunitária, pela sua criatividade e pelo seu papel central na vida cultural do concelho.
As comissões de festas e associações locais desempenham um papel insubstituível na promoção da solidariedade, da participação cívica e no fortalecimento dos laços comunitários. É essa dimensão positiva e transformadora que devemos valorizar e apoiar.
Assim, reafirmo o meu duplo compromisso: com o bem-estar animal, rejeitando a normalização da crueldade; e com as populações, associações, que são a base da democracia de proximidade e um símbolo de verdadeira participação popular.
Nem arte, nem cultura. Tourada é tortura!